A MINHA ASTRONAUTINHA, por Lilian Kogan

Alice veio dormir em casa. Colocamos nossos pijamas idênticos, no dela,  dentro do coração bordado no bolso, tem seu nome, Alice. No meu, Vovó da Alice. Ela adora termos os pijamas iguais. Ficamos conversando deitadas na minha cama.

De repente, me pergunta onde estava minha mãe.

– No céu, Alice. Uma estrelinha lá no céu.

– E você vê ela?

– Vejo ela à noite, quando tem estrelas no céu. Mas ela também está aqui no meu coração.

– E seu pai, vovó?

– Ele também está lá no céu.

– E sua vovó? Como chamava sua vovó?

– Ela tinha dois nomes: Basia, em hebraico, expliquei o que era o hebraico. E Bertha em português.

– Ah, vovó, eu lembro que o seu nome em hebraico é passarinho, né?

– Isso mesmo, que boa memória você tem!

– Mas onde está sua vovó?

– Também mora com as outras estrelas.

Eu já estava ficando aflita pensando onde isso iria chegar…Não era muita gente “lá em cima” para ela administrar?

– Vovó eu posso virar astronauta e ir lá no céu pegar sua vovó.

– Ah, que boa ideia! Bem que eu gostaria de pegar minha vovó, meu papai e minha mamãe.

– Não vovó, eu não posso pegar seu pai e sua mãe porque eles são iguais a todas as outras estrelas, e eu não vou saber quem eles são. Só posso pegar na minha nave a sua vovó. Só cabe ela!

– Por que você só pode pegar a minha vovó?

– Porque ela é a estrela maior de todas, e aí fica fácil para eu saber. Tá bom assim, vovó?  

-Tá bom, Alice, você é minha astronauta  favorita! 

É muito bom ser sua vovó.