E quando vejo aquela paisagem, parece que vira uma chave dentro de mim. Eu volto. Mudo de alma. Volto. E voltar é muito bom. Mesmo quando não existe mais o que deixei. Mesmo quando não existe mais aquela que partiu. E lá vem aquele sorriso bobo, aquela alegria saltando dos olhos. O Cristo lá longe, o Pão de Açúcar ali e a freada louca do avião que, tão excitado quanto eu, parece querer se jogar nos braços dessa cidade linda.
Às vezes eu volto. Não pra ficar. E quando volto, encontro a casa de onde nunca saí. A casa que abriga meus amores. A casa que é só festa. A casa dos sonhos. E vem aquele calorão amolecendo a fala, derretendo qualquer eventual tristeza que, desavisada, imagine se achegar. O corpo suado, os abraços apertados, tudo à flor da pele e imediatamente me sinto um pouco a pessoa que fui. A pessoa que sou. Voltar é pura fantasia. Por isso é tão bom. Por isso às vezes eu volto.
E quando volto, caminho rindo pelas ruas, olhando o céu, olhando os moços bonitos jogando vôlei, olhando as moças douradas pedalando contra o vento, olhando os casais de mãos dadas a caminho do mar. Ahhh o mar! O mar carregando o horizonte. Aquele mesmo horizonte que um dia me convenceu a nunca me desesperar, a alargar o olhar, a ser de qualquer lugar, a ser em qualquer lugar essa que vê lá longe todos os mundos que há.
Voltei. Não pra ficar. Voltei pra olhar isso tudo que sou eu em qualquer lugar.
E já vou partir. Pra voltar.
Coisa mais linda, voltarei a ler muitas e muitas vezes essa poesia 🫶🏼
Beijos
Sim, o Rio é um rio sem fim, a gente sabe onde começa, mas não sabe onde termina. Nos faz bem todo!
Linda homenagem, Regina.
Garanto que se ele soubesse ficaria agradecido e feliz em saber o que suscita em você.
E em mim também, quando vou ao Rio.