Um poema me chamou agora há pouco
acenou com o impulso e suas vibrações
me preparei com os dedos atentos
o laptop de boca aberta sorrindo
mas ele ainda não me veio
Procuro-o pela paisagem no quadro da janela
passa uma pomba esquiando pelo ar da manhã
um sol sonolento se cobre na cama de nuvens
palmeiras conversam com o vento frio
uma casa de João-de-barro aparece entre galhos
Nada do poema chegar à minha inspiração
outro pássaro entra na conversa das palmeiras
mais outro brinca de esconde-esconde atrás de um telhado
a mulher do quadro na parede me fita descontraída
fecho os olhos e olho para dentro de meus arquivos
Lembro-me do amigo poeta Thiago de Mello
que me incentivou a escrever um poema todo dia
para não perder o hábito nem a esperança
e digo a ele em pensamento que hoje não vai dar
a secura do tempo deve ter secado minha fonte poética
Não é que de repente o inusitado se intromete
me revela que o poema que aguardava não veio
porque trouxe em seu lugar este que passava por perto
com a roupa do outro vestida pelo lado avesso
um poema veio pelo que não veio
Peliano: continue a fazê-lo um por dia!
Obg! Sim continuo para não perder o pulo do gato.
O poema que veio pelo que não veio. Que belas imagens Peliano.
Obg. Valeu! A inspiração sabe mais do que a imaginação!
Maravilhoso! À altura de nossos melhores!
Obg. Carlos! La nave va!