Todos temos nossas impressões machadianas. Como a minha. Quando trabalhava na Rockefeller University, em Nova York, na década de 1960, conheci a esposa de um estudante que se apresentou numa festa como sendo neta de Thomas Mann. Estudava literatura. Perguntou-me se conhecia o maior escritor da língua portuguesa, um tal “Mequeido”. Espantou-se muito quando respondi que não conhecia. Prudente, pedi que soletrasse “Mequeido”: era M-A-C-H-A-D-O! Disse-me que Proust era um precursor de Machado de Assis, ao que respondi: foi o contrário… Comparar Machado com Euclides não faz sentido: li toda a obra machadiana na adolescência, mas para engolir os Sertões descobri que precisava de um dicionário próprio. Por isso parei após algumas páginas. Se Euclides tivesse conhecido Winston Churchill aprenderia que para escrever bem devemos usar as palavras mais comuns, entre elas as mais curtas e em frases igualmente curtas. Alguém já escreveu conto melhor que “O Alienista”? Voltando a Euclides: um dia meu pai, engenheiro do Instituto Geográfico e Geológico de São Paulo me apresentou a seu chefe: Dilermando de Assis, que havia assassinado Euclides da Cunha em uma troca de tiros. Eu era um adolescente e nem sabia porque Dilermando era tão famoso. Meu pai disse que Dilermando tinha uma grande frustração pois achava que escrevia tão bem quanto o morto!
Uau!Conheceu Dilermando.. eu conheci a Fera da Penha, sabe quem foi? Servia cafezinho no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro onde estagiei por uns tempos..Ao contrário do que disse Caetano, de perto são todos normais..
Que delícia de texto, Éder!
Bjs
Conta mais! bom te ler
Que delícia de texto, dr. Eder! Se for verdade da esposa do seu aluno o parentesco com Thomas Mann, ele deve ter se revirado no túmulo. E ainda por cima a moça era estudante de literatura!
Concordo, ninguém superou ou, ouso dizer, superará O alienista.