4 da manhã,
não ia abrir os olhos.
Não ia olhar o relógio ou acender a luz.
Ia fingir que estava dormindo.
Não consegui.
Acendi a luz.
Será que rezar adianta? Mesmo que não, eu rezo. Todos os dias. Às vezes várias vezes. Incomodo Deus com a maior liberdade.
Olhei o relógio.
Meio da noite. Silêncio.Ai meu Deus, digo pra dentro, pra não acordar os cachorros. Existe um medo que não me deixa dormir.
Prossigo sem agonia, deitada sem me mexer. Os olhos arregalados pro vazio. Penso.
No que eu penso? Ando brava. E sentida. Aflita e levemente desanimada – ou seria desesperada?
Tem um teia de aranha na quina do teto. Peço licença à aranha? Peço que se mude pra outro lugar? Será que ela dorme tranquila ou também me olha de lá?
Tudo texto, tudo tenso. Tem um orgulho dentro de mim ferido.
Tento fechar os olhos, mas sei que acordei. 4 da manhã.
Ahh, “ Prossigo sem agonia, deitada sem me mexer. Os olhos arregalados pro vazio. Penso.”…. Sei bem dessa sensação…
😘
Adorei!
Poema-história fazendo imagens que apossaram de mim.